sábado, 6 de julho de 2013

Precisa-se de herói?


Gosto da figura do herói... em filmes e histórias em quadrinhos. Na vida real eles me incomodam um pouco e sempre me pergunto: Porque o povo precisa tanto de heróis?
 
A História está repleta de casos em que homens comuns foram elevados a categoria de "salvador da pátria" e às vezes (muitas vezes) o negócio não terminou muito bem. Governantes que em um dia são "tudo o que o povo precisava" e no dia seguinte viraram tiranos, ou corruptos, ou incompetentes, ou marionetes...
Fora das esferas de poder a figura do herói também está presente no imaginário coletivo: são os chamados "melhores de todos os tempos" - mas esse é outro assunto; quero ater-me ao momento que estamos vivendo, nesses dias em que "o gigante acordou", me preocupa quem é o novo herói que está surgindo e porque motivo. Serei mais clara: ainda não entendi porque o Ministro Joaquim Barbosa está sendo alçado ao posto de redentor da nação.

Sua excelência ganhou visibilidade nacional com o caso do mensalão. Mas, para quem andou pelo meio jurídico, ele é figura conhecida. Nomeado ministro do supremo por Lula em 2003, a fama de "não ter papas na língua" é antiga.
Contudo, gostaria de compreender - pois quem sabe mudo de ideia e descubro que sou eu que não estou enxergando o que grande parte da população brasileira já viu - porque JB é o "cara" que o país precisa? Será?

Vamos analisar:
História de vida: inspiradora, admirável. Sim, é claro! O cara nasceu no interior, preto e pobre num país desigual e preconceituoso; tem sete irmãos mais novos e os pais ainda se separaram quando ele era adolescente. Caramba! O menino mudou de estado, arranjou emprego, estudou em escola publica sempre, passou no vestibular (sem uso de cotas!), passou em concurso público, estudou fora do país, fala quatro idiomas além da língua pátria... Parece que força de vontade nunca foi problema.    

História profissional: até agora nenhum grande furo. Passou por diversos cargos, licenciou-se conforme manda o figurino quando foi estudar fora do país, nenhum escândalo ou maracutaia em que seu nome tenha sido envolvido - a propósito, o único disse-me-disse sobre o qual tive conhecimento, foi o caso da reforma do banheiro. Não lembra? JB mudou-se para um apartamento funcional de mais de 500m² em Brasília ao assumir a Presidência do STF (uau!). Pois bem, a Folha de SP divulgou manchete tendenciosa, a qual dizia que a reforma dos quatro banheiros do imóvel custariam aos cofres públicos R$ 90mil. Como no Brasil grande parte da população lê apenas as manchetes, isso virou um salseiro na internet. Todavia, o STF explicou que não eram R$ 90 mil, eram apenas R$ 78 mil de uma obra licitada que já estava em andamento com o antigo ocupante, e que os outros R$ 12mil saíram do bolso do próprio Joaquim Barbosa para instalação de uma banheira e um ou outro granito...
Ou seja, JB não pediu a mansão, nem a reforma, mas já que existe e ele tem direito a ela por força do cargo. Bem... você não iria? Certo, episódio explicado. 
 
Continuando a lista das qualidades que podem elucidar porque JB é nosso novo paladino, temos o dom da oratória. No discurso o cara é mestre! Fala "na lata" o que muita gente gostaria de dizer sobre políticos e seus privilégios, sobre advogados e suas manobras, e tantos outros assuntos que sua excelência tem abordado. E quando ele "mostrou o crachá" naquela reunião com representantes de associações de juízes? Ha, o cara não manda recado! Tratou logo de lembrar a um certo juiz que tentou argumentar alguma coisa, com quem ele estava falando.
Barbosa virou celebridade porque atira em todas as direções.
 
É esse o temperamento: arrogante, impaciente e vaidoso. Palavras fortes, mas não há outras, essa é a verdade.
Não faz muito tempo que o Sr. Ministro mandou um repórter "chafurdar na lama", em seguida disse que não tinha interesse sobre o que ele estava tratando e arrematou com um "palhaço". Segundo o áudio divulgado, o repórter não chegou sequer a fazer a pergunta antes de receber tão "educado" tratamento. O STF divulgou nota de desculpas em seguida, que não foi assinada por sua Excelência, diga-se de passagem. Mais recentemente pôde-se acompanhar uma outra entrevista - dessa vez ele permitiu que a repórter falasse - em que foi perguntado sobre o que achava do fato de estar sendo apontado como o próximo Presidente da República e, com um raro sorrisinho de canto de boca, JB disse que se sentia lisonjeado, embora não pretenda candidatar-se.
Nessa o ego foi bem alimentado. 
 
Então o que concluo? Estamos diante de um homem inteligente, articulado, temperamental, mas que aparentemente não "vendeu a alma" para chegar ao posto máximo da justiça desse país. Porém, daí a ser um bom governante existe uma grande distância a percorrer. 
 
Penso em qual seria o plano de governo? Antes disso, JB "saberia" governar? O Judiciário não é um poder representativo. E falar é sempre mais fácil que fazer... ele faz bons discursos mas... e na prática?
Governar um país continental, com todas as suas mazelas, com o sistema que impera em nossa política, quais seriam seus aliados?  Por onde ele começaria a "arrumar a casa"? Aliás, qual seria seu partido?! A qual daqueles que ele chamou de "partidos de mentirinha" iria filiar-se? Ou fundaria um partido que seja de "verdadinha"?

Basta inteirar-se um pouquinho sobre a política brasileira e entendemos que, embora tudo vá para a "conta do presidente" sem o Congresso nada é feito. JB faria alianças? JB se dirigiria aos parlamentares como "palhaços que chafurdam na lama"? Ah... a coisa ficaria diferente, bem diferente.

Não seria o meu candidato, uma vez que ele não me propôs nada enquanto cidadã. Recuso-me a depositar minha confiança em um homem que não apresentou planos concretos para melhorar a vida do meu país - ele nem quer tal honra e responsabilidade, foi o que disse - tentar convencê-lo considero o cúmulo. É demais para mim.

Na esteira dos acontecimentos, ainda penso que a "arma" da população é o voto. O mais consciente, "pé no chão" e critico quanto for possível. Política se discute sim! Daqui a pouco mais de um ano iremos às urnas e minha maior esperança é que o povo não reeleja nenhum dos políticos atuais. Nenhum, sem exceção. Nem mesmo aqueles que - quase por milagre - se salvam de integrar as corjas que aí estão. Radical! Renovação completa em todas as esferas. E renovação de partidos também! Que "se mexam" e nos convençam não com historinhas da carochinha, mas com planos sérios para os problemas do país, para nossa qualidade de vida, para nosso crescimento. (É bom lembrar que não reeleger o cara, mas votar no afilhado dele dá no mesmo viu? E nem estou falando da Dilma, embora o povo tenha votado nela enxergando o Lula. Mas os currais eleitorais que ainda existem no Brasil em pleno século 21, é qualquer coisa de inaceitável - para dizer o mínimo).

Por fim, que aprendamos a cobrar o que nos foi prometido. Não nos fins dos mandatos (aí já é tarde e Inês é morta), mas cobremos periodicamente.

E, sobretudo espero, que deixemos de lado a ideia de que tudo se resolve do dia para a noite, tal qual um "passe de magica". Heróis, só em filmes. Na vida real eles precisam mais do que capa e voz empostada; há muito trabalho a fazer, trabalho para muitos, inclusive para cada um de nós.  




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



 

2 comentários:

  1. Olá! Achei teu blog por acaso e gostei dele.Você tem um jeito único de escrever e muito bem por sinal.Sabe desenvolver o assunto sem se perder.Parabéns!

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  2. Duda,

    Muito obrigada pela visita e pelo elogio!

    Um abraço,

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